Ice Age Art: arrival of the modern mind

An exhibition 40,000 years in the making
7 February - 26 May | 2013
British Museum - Room 35
Discover masterpieces from the last Ice Age drawn from across Europe in this groundbreaking show. Created by artists with modern minds like our own, this is a unique opportunity to see the world's oldest known sculptures, drawings and portraits.
Ice Age art was created between 40,000 and 10,000 years ago and many of the pieces are made of mammoth ivory and reindeer antler. They show skilful, practised artists experimenting with perspectives, scale, volumes, light and movement, as well as seeking knowledge through imagination, abstraction and illusion.
These exceptional pieces will be presented alongside modern works by Henry Moore, Mondrian and Matisse, illustrating the fundamental human desire to communicate and make art as a way of understanding ourselves and our place in the world. Although an astonishing amount of time divides us from these Ice Age artists, such evocative pieces show that creativity and expression have remained remarkably similar across thousands of years.
One of the most beautiful pieces in the exhibition is a 23,000-year-old sculpture of an abstract figure from Lespugue, France. Picasso was fascinated with this figure and it influenced his 1930s sculptural works - the Bison sculpted from mammoth ivory, found at Zaraysk, Russia, about 20,000 years old
(image below).

120º Aniversário do Museu Nacional de Arqueologia


Castelinho de Lucefecit

Alandroal | Terena | Nossa Senhora da Conceição

Povoado fortificado, de dimensões exíguas (inferior a 0,5 ha), implantado num imponente esporão rochoso dominante sobre a margem esquerda da Ribeira de Lucefecit. Ainda que cercado por elevações de maior altitude, a defensibilidade natural é bastante elevada, excepto pelo lado SE, onde ainda são visíveis alguns troços de muralha em xisto.

A área de implantação disponível é diminuta e delimitada por aguçados afloramentos xistosos. Na extremidade mais próxima do único ponto de acesso ao local, ergue-se uma escombreira, muito afectada por uma enorme vala de destruição, no interior da qual são visíveis muros de xisto. Um muro encerra o acesso, a partir do exterior, à pequena plataforma onde se desenvolveria a ocupação, aumentando a já exemplar defensabilidade do local.

Os materiais são escassos, tendo sido recolhida cerâmica manual e de roda, vários fragmentos de parede de ânforas, de produção bética, elementos de mós manuais de "vaivém", um cossoiro e uma fíbula de bronze. O material de construção é praticamente ausente, tendo sido apenas identificada uma tegula. Os fragmentos de escória são bastante frequentes, principalmente na encosta Sul.

Numa recente visita ao local tivemos a oportunidade de observar, na encosta poente do esporão, uma expressiva concentração de fragmentos cerâmicos, designadamente exemplares estampilhados e um cossoiro.
O esporão é coroado por um curioso afloramento em “V” (o “vértice” do assentamento), apresentando um sugestivo conjunto de gravuras de época recente, que nos remetem para um legado de lendas sobre uma moura encantada associada ao local. A linguagem (porno)gráfica poderá ter encontrado suporte na natureza da própria protuberância geológica que, além da forma em "V", apresenta uma "brecha" para a imaginação!
Fontes:

Carta Arqueológica do Alandroal 
(Calado, M., 1993, p, 61)

Castro de Castelo Velho de Lucefecit

Alandroal Terena São Pedro
Povoado fortificado, com cerca de 1 ha de área útil, ocupado em diferentes épocas desde o III milénio a.C., até ao século X da nossa Era. Tudo indica, efectivamente, que houve longos períodos de abandono, dos quais o mais evidente, no estado actual da investigação, foi o que decorreu entre o final da Idade do Ferro e a ocupação Islâmica (cerca de mil anos).

O sítio apresenta uma defensabilidade excepcional, uma vez que o acesso era viável apenas pelo lado Oeste, por um caminho estreito, de cuja utilização se conservam traços na rocha xistosa; os outros lados contam com vertentes muito inclinadas, delimitadas na base pelo Rio Lucefecit e por um pequeno afluente. Em contrapartida, a visibilidade sobre o território envolvente é relativamente escassa, uma vez que em redor do povoado se elevam cabeços com maior altimetria. No terço superior do declive, em todo o perímetro do povoado, observa-se um talude onde afloram vestígios relativamente bem conservados de muralhas de xisto. O aparelho defensivo apresenta diversas fases construtivas, com técnicas e plantas bastante diversificadas.

No sopé da vertente Norte abre-se uma pequena galeria irregular, artificialmente afeiçoada, conhecida como a "Casa da Moura"; pode tratar-se quer de uma sondagem de mineração quer de um espaço ritual, com paralelos nos “santuários” etnográficos frequentes na região, cuja caracterização comum é a existência de uma cavidade na rocha e que a tradição popular atribui sistematicamente às mouras encantadas.

Numa pequena elevação coroada por uma formação rochosa de forma vagamente antropomórfica, junto da presumível entrada principal do povoado, regista-se a presença de cerâmicas, escórias de fundição e restos de estruturas. A tradição popular considera este local, denominado “Pedra do Charro”, a sepultura de um bandoleiro lendário, o Charro, enterrado com todas as suas riquezas. De facto, pode tratar-se de uma área se habitat marginal, nomeadamente o local das actividades metalúrgicas, numa determinada época do povoamento. Pode tratar-se também de uma necrópole relacionada com o povoado, o que daria algum fundamento à tradição local.
"Pedra do Charro" 
Acesso
José Leite de Vasconcellos, publica em 1895, no Vol. I de O Arqueólogo Português, (p. 212-213), uma breve notícia onde descreve com algum pormenor o “Castelo Velho” após a sua visita ao local – O insigne arqueólogo não deixou de relacionar este povoado e o do Castelinho com o santuário de Endovélico em São Miguel da Mota, localizado a cerca de 1.500 m em linha recta, admitindo que «esse santuário pertenceria a uma das referidas povoações, ou a ambas» (Vasconcellos, 1885, p. 213).

O Castelo Velho foi classificado como Monumento Nacional por decreto de 16.06.1910, sendo o único sítio arqueológico classificado no concelho do Alandroal.

 in Carta Arqueológica do Alandroal 
(Calado, M., 1993, p, 63-64)

Em suma, e por outras palavras:

Está à face do Lucefecit
Um castelo feito pelos Mouros
A muita gente lhe parece
e dizem que há ali tesouro

Tem mais de cinquenta metros de altura 
E o cimo forma quadrado
Feito em terra bem rampado
E com mais ou menos de largura
Isto é verdade pura
Não é coisa que alguém dissesse
De muito lado aparece
Não sou só eu que o digo
Mas há um monumento antigo
À face do Lucefetit

Aí uns cem passos ou mais
Tem uma pedra ao lado
Onde o Charro foi sepultado
Ou os seus restos mortais
Vieram da Câmara os sinais
Essa notícia nos poram
Dizem que eles é que foram
Que está escrito na história
Mas aqui está de memória
Um castelo feito pelos Mouros

A muitas pessoas que ali vão
Mete o seu respeito e medo
Está um buraco num rochedo 
Onde era a habitação
Viveram debaixo do chão 
Que é a demostra que parece
É caso que ninguém conhece
Para que foi a fortaleza
Mas dizem que há ali riqueza
E a muita gente lhe parece

Décimas dedicadas ao Castelo Velho
(in Carta Arqueológica do Alandroal 
Calado, M., 1993)
Noutra época mais atrasada
A homens antigos ainda ouvi
Diziam que aparecia ali
Uma moura encantada
Mas quando esteja a ser tirada
Diz que aparece um preto touro
Onde está o diamante e o ouro
Só se tira à meia noite 
Mas não há ninguém que se afoite
E dizem que há ali tesouro

Dionísio António Rita - poeta popular
"Casa da Moura"
Na visita ao Castelo Velho ainda pode contar com um outra preciosidade, desta feita etnográfica: o Moinho do Setil
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Rocha da Mina

Alandroal | Terena | São Pedro

Santuário da Idade do Ferro, "talhado" num expressivo esporão xistoso de vertentes abruptas, com cerca de 12 metros de altura. O rochedo impõe-se altivo na Ribeira de Lucefecit, obrigando-a a contornar a sua dureza, produzindo um meandro a caminho do Guadiana. Na estrutura geológica foram talhados degraus, construídos muros e organizados pavimentos, elementos recorrentes em santuários pré-romanos, alguns dos quais romanizados, sendo comummente interpretados enquanto altares destinados a sacrifícios.

Presumivelmente, o "rochedo (con)sagrado" da Mina terá sido palco de cultos dedicados ao deus pré-romano Endovellicus. Em época romana, esta divindade indígena acaba por integrar o panteão dos deuses hispânicos, concorrendo em importância com o próprio Iupiter. Um dos indícios desta inversa aculturação encontra-se no cume do outeiro de São Miguel da Mota, a cerca de 3 km da Rocha da Mina, onde terá sido edificado um templo romano, em mármore branco, no qual os romanos (e os indígenas romanizados) cultuaram o deus local Endovélico, num verdadeiro fenómeno de "transladação" do culto de um santuário natural para um santuário construído.



No período estival de 2011-2012, o arqueossítio foi alvo de escavações dirigidas pelo arqueólogo Rui Mataloto. Os trabalhos têm vindo a revelar uma área habitacional na plataforma inferior, junto do santuário, com cinco compartimentos estruturados entre si e delimitados, a nascente, pela presença de um afloramento rochoso e/ou de uma muralha. Na plataforma superior (no santuário propriamente dito) escavou-se os restos de estratigrafia existentes sobre a rocha e o interior do "poço". Os vestígios de ocupação remetem para cronologias da 1.ª e 2.ª Idade do Ferro e do Período Romano Republicano. O conjunto artefactual permitiu ainda atestar a absoluta contemporaneidade entre as ocupações documentadas em ambas as plataformas. 

Recorde-se que em 1995 o sítio recebeu as primeiras sondagens arqueológicas dirigidas por Manuel Calado, intervenção que permitiu identificar a zona de carácter habitacional, complementar à área especificamente ritual do santuário.